quinta-feira, 31 de março de 2011

Policiamento Comunitário é um embuste


Não resolve nada e aumenta a criminalidade.

Este tema é delicado e proibido no meio policial, ninguém tem coragem de atacar o ninho da galinha, lugar privilegiado onde ela bota os ovos de ouro, ou seja, o Governo Federal só libera dinheiro para a segurança pública estadual se esta palavra estiver escrita em todos os projetos: Polícia Comunitária.

Sem polícia comunitária, sem dinheiro da União, sem projetos. É assim desde o Governo Fernando Henrique Cardoso, passou por Lula e permanece no de Dilma. Faltou e falta a esses governos cabeças pensantes na área de segurança pública.

Os fiéis da Polícia Comunitária a defendem com unhas, dentes e dinheiro, as outras opiniões simplesmente não são ouvidas. Dizem que a mesma existe há mais de 100 anos no Japão, é um sucesso na Europa e foi divulgada para todo o mundo através da maior potência econômica do planeta, os Estados Unidos.

Favor não chamá-la de policiamento comunitário, dizem que a mesma não é uma modalidade de policiamento, é a melhor entre as melhores.

Como provar que algo tão bom é uma mentira? Dados estatísticos! Nos locais onde foi implementada a Polícia Comunitária a criminalidade aumentou de forma assustadora.


Mas os defensores dessa filosofia, é assim que eles a definem, salientam que na obra dos seus expoentes (Robert C. Trajanowicz and Bonnie Bucqueroux. Community Policing: A Contemporary Perspective) está previsto um crescimento inicial das taxas criminais nos locais de sua implantação, fator este decorrente da confiança entre a população protegida e o seus protetores (guardiões), dessa forma a primeira irá relatar crimes que antes não seriam do conhecimento da segunda.

Os divulgadores da filosofia polícia comunitária dizem que somente após 10 anos de implantação é possível verificar as taxas reais de criminalidade na região, antes estes números serão alarmantes e não vão demonstrar a verdade, além das vantagens da proximidade entre o poder público (polícia) com a sociedade (vítimas).

Existe uma máxima em administração: o que não pode ser medido não pode ser melhorado. Como medir algo que não existe (os crimes não denunciados) é impossível, essa filosofia continua usufruindo das verbas públicas mundo afora.

Uma das cidade mais violentas do planeta nas décadas de 70 e 80 do século passado, Nova York - EUA, abraçou o policiamento comunitário como solução para os seus problemas. Em 1971 a cidade tentou reduzir suas altas taxas de homicídios com a filosofia do futuro: polícia comunitária.

Partindo de um princípio básico dessa filosofia, foram reduzidos os efetivos policiais das regiões centrais e áreas nobres, transferindo este montante para as regiões periféricas, era lá que ocorriam a maioria dos homicídios.

Era verdade, mas algo deu errado.

As autoridades da filosofia "esqueceram" de avisar a população que os crimes contra o patrimônio ocorrem justamente nas regiões centrais e nobres das grandes cidades, fazendo com que as taxas desses crimes disparassem.

E quanto ao aumento do policiamento nas regiões periféricas, foram reduzidas as taxas de homicídios?

Não!

Durante 20 anos eles insistiram nesta filosofia e suas taxas criminais cresceram mais que em qualquer cidade americana. No ano de 1991 eles desconfiaram que haviam comprado um gato no lugar de uma lebre e, a partir daquele ano, o policiamento comunitário começou a ser reduzido e implantaram um novo projeto, denominado janelas quebradas.

O Projeto Janelas Quebradas visava ocupar locais abandonados (públicos e privados) antes do marginal, evitando a prática de crimes nesses logradoros. Isto significava retirar policiais das regiões periféricas e trazê-los de volta para as regiões centrais e nobres.

Foi a primeira reação contra a filosofia "polícia comunitária".

Mesmo ocupando prédios e praças públicas as taxas criminais não paravam de crescer, principalmente devido os estragos naquela sociedade causados pela loucura do crack.

Assim, três anos após a implantação do projeto janelas quebradas ele foi abandonado e em seu lugar surgiu o projeto tolerância zero.

Tolerância Zero significava a polícia em todos os locais, combatendo todos os tipos de ações criminosas, abordando todas as pessoas, revistando todos os locais e prendendo todos que insistiam em cometer crimes ou contravenções. Superlotou as prisões com traficante, ladrões, pixadores e andarilhos.

Tolerância zero foi um sucesso.

A partir de 1994 a seção responsável pelo projeto policiamento comunitário era o local para onde os policiais violentos, corruptos e incompetentes eram transferidos, como forma de punição.

Foi a segunda reação contra a filosofia "polícia comunitária".

Mas a filosofia precisava de dinheiro e de novos clientes, saíram então divulgando suas vantagens em outras Cidades, Estados e Países. Foi assim que ela aportou no Brasil em 1994, no Governo Fernando Henrique Cardoso, como a solução de todos os problemas na área de segurança.

Em 2002 concluí o Curso de Policiamento Comunitário, na cidade de Cuiabá - MT, estava portanto preparado para defender a filosofia.

Em 2003, no Curso de Especialização em Gestão de Segurança Pública da Polícia Militar do Estado de Goiás, estudei as taxas criminais nas cidades onde havia sido implementada essa filosofia.

No referido estudo científico comparamos as taxas criminais de cidades americanas e brasileiras onde havia sido implantada a filosofia, com outras cidades de igual porte e mesma região daquelas. Verificando se existiam diferenças entre a criminalidade dos locais com policiamento comunitário e as que não haviam implantado esta filosofia, queríamos comprovar que a filosofia "polícia comunitária" era a solução para o Estado de Goiás.

Para que não ocorressem erros estudamos os dados apenas das cidades que haviam implantado a filosofia de polícia comunitária há mais de 10 anos.

Ao final do trabalho, para nossa decepção, constatamos que cidades na mesma região, com populações homogêneas, apresentavam distorções alarmantes no quesito taxas criminais, sendo muito mais violentas as cidades onde a filosofia de Polícia Comunitária estava implantada.

Ao final do curso apresentei em Monografia estudos que comprovavam o que o título desse artigo informa. Ninguém leu, ninguém fez nada a respeito e a banca não gostou do meu trabalho.

Concluindo: policiamento comunitário é um embuste, mas dá dinheiro.

Espero a terceira reação contra o embuste da filosofia "polícia comunitária".


Tenente Coronel Giovanni Valente Bonfim Jr

3 comentários:

  1. Sempre tive essa impressão tbm. Porém manda quem pode obedece quem tem juizo...
    Parabés ao sr Ten Cel Giovanni pelo artigo.

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  2. Sempre tive essa impressão também, mas alguns comandantes preferem não ouvir aqueles que estão nas ruas fazendo a atividade fim da Polícia Militar.

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  3. Policiamento comunitário um embuste total, só pra acadêmico e puxa saco ganhar algum.
    Criminalidade se combate com enfrentamento e não com papinho furado.
    População não quer papo furado quer atendimento rápido e eficiente.

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