segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O MITO ...A LENDA!


Com mais de cem anos de tradição, nascia no ano de 1903, a criação de William Harley em conjunto com os irmãos Davidson’s, sendo: Arthur, Walter e William, na cidade de Milwaukee, Estado de Wisconsin nos EUA. Mas o que nascia? Algo que tinha dias rodas com quadro de bicicleta, movida com um motor a gasolina, ainda monocilíndrico de 440cm³, protegida pelo pequeno ateliê de madeira, que tinha na sua capenga porta de entrada a seguinte inscrição: Harley Davidson Motor CO. , (certamente queriam dizer company).

Os anos se passaram, as vendas cresciam, inovações tecnológicas eram aplicadas, com introdução do motor V2, e com o advento da primeira Guerra Mundial, começou a servir as Forças Aliadas dos EUA.

Sobrevivendo a grande depressão dos anos de 1930, aplicou-se novamente a produção para as Forças Aliadas dos EUA na segunda Guerra Mundial, com mais de 90mil unidades. Com essa tradição de guerra, até hoje produz unidades para Forças Armadas de vários países, bem como, para forças policiais e bombeiros, inclusive para o Brasil.

Atravessando as décadas, se livrando de problemas financeiros com inúmeras crises, porém contando com o protecionismo econômico do Governo americano, foi ficando cada vez mais forte, mesmo diante das fortes concorrências japonesas.

Vários modelos foram lançados, além dos direcionados aos froint de batalha, o Servi-Car de 1932 como triciclo dotado de baú de carga, a EL ‘’Knucklehead’’ 1936, a Hummer 125 em 1948 e a XLCR 750 em 1977. Eram modelos dedicados as equipes de corridas em circuitos ovais como a 750KR de 1968 (que dominou as pistas de Daytona), para as atividades de polícia ostensiva e estradeiras de um modo geral, que passam pelas linhas Softail a Touring, até a mais nova raça de HD, lançada em 2002 as V-ROD, que são voltadas para uma personalidade esportiva e de velocidade.

Invejadas e largamente copiadas, as concorrentes sempre buscam inspiração na tradicional americana. Tendo inclusive tendência para dramaturgia, sempre brilhou nos cinemas de Hollywood, e nas telenovelas brasileiras, como uma elegante ou ousada ‘atriz’ em filmes clássicos como Easy Rider de 1969, no nosso seriado nacional da extinta TV Tupi O Vigilante Rodoviário de 1961 e 1962, Chip’s nos anos de 1970 e 1980, Electra Glide in Blue de 1973, O Exterminador do Futuro de 1991 com sua temida Fat Boy negra, Pulp Fiction de 1994, Harley –Davidson & The Malboro Man de 1991, O Motoqueiro Fantasma, Os Selvagens das Motocicletas, X-man e mais uma centena de outros.

Em Goiânia, citamos alguns pioneiros harleyros, dentre outros, Antônio Pinheiro da Muscle Training, com sua clássica Road King 1995 ou sua customizada Heritage ‘vermelhona’, Pedrinho Abrãa com seus inúmeros modelos e o primeiro a possuir uma V-ROD em Goiânia, Jorge Badra que arrematou três HD FLH Glide Classic no leilão da Polícia Militar do Estado de Goiás em 1991 e as restaurou, a própria PMGO adquiriu um pelotão desse modelo em 1976 tendo 15 batedores de escolta sob o comando do então tenente Sanches, Benito Limongi com sua Springer ‘rabo seco’ 1947, Chico Paralama com a sua FLH Classic, Souza da SOS Construtora com a sua Springer 1200cc ano 1946 e Hair Brum fiscal da Receita Federal com a sua HD modelo T ano 1929. Segundo o coronel Nicola Limongi, um verdadeiro baluarte nas organizações de corridas de força livre no final da década de 1950 , nas quais três HD eram partes integrantes das demais marcas concorrentes da época, tendo como pilotos: Felipe Alexandre, Deroure e o Benedito Cowboy ou ‘’coboi’’ como era popularmente conhecido e chamado.

Nas décadas de 1950 e 1960, Graças a HD de Benedito Cowboy (Coboi); os goianienses tinham a oportunidade de desfrutarem dos filmes da época, pois, este trabalhava na Empresa de Cinemas de Alfredo Feresin, que administrava os cinemas: Cine Goiás, Cine Teatro Goiânia e Cine Campinas, assim os filmes passavam nos mesmos dias nas três salas, com diferença de horários de meia hora, uma vez que a película era em rolo, dividido em três partes (três latas de filmes), então passava a primeira parte no Cine Goiás; Coboi, na sua Harley saía e o levava até ao Cine Teatro Goiânia, voltava para o Cine Goiás, terminava a segunda parte, e novamente o Benedito levava até ao Cine Goiânia, ali deixava a segunda parte do filme e pegava primeira parte e levava até o Cine Campinas, assim sucessivamente, por muitos anos... Tudo, é claro dentro dos alforjes de sua HD.

Ser proprietário de uma Harley, não se trata de ser possuidor de um mero bem de consumo, mas além do acúmulo de conhecimento técnico, personalização, customização, os verdadeiros harleyros se preocupam em conhecer a história das linhas de modelos, garantindo uma modelagem em contínua transformação conforme cada personalidade do dono. Normalmente foi aquele sonho de criança ou da juventude, que se concretiza em um momento mais propício da vida para aquisição, mas que certamente àquela harley formalmente adquirida na atualidade, já estava em espectro no seu imaginário, nos seus sonhos, virando uma magia que só quem sonhou e posteriormente comprou sabe descrever. Quem compra uma HD por modismo, ou por que é ‘chique’, nunca será um harleyro, apenas possuirá uma HD formalmente, e não desfrutará o que ela realmente representa.

Os longos trajetos, sejam em um Daytona Bike Week ou na Route 66 nos EUA, na aventura ao Chile, em nossas BR praianas, nas rodovias paulistas, ou mesmo por essas rodovias goianas que margeiam o nosso maravilhoso cerrado, uma HD entra em seu hábitat natural, pois ela não passa, ela desfila. Elas têm espaço também nos point’s badalados dos centros urbanos, pela sua tradição, riqueza de cromados e detalhes, sua beleza individual e imponência aliada ao conjunto perfilado atrai os mais distantes olhares e suspiros.

Enfim, mais de cem anos... Histórias, viagens, estradas, guerras, filmes, tradições, sonhos... Fez com que uma Harley Davidson deixasse de ser moto, se tornando um mito! E sua marca já virou lenda...

NEWTON NERY DE CASTILHO é Major QOPM e Harleyro convicto desde 1991