domingo, 21 de fevereiro de 2016

A sensibilidade que enfeita a farda

Ubiratan Reges de Jesus Júnior
Nesse mês de fevereiro de 2016 completam-se 30 anos de presença das mulheres nas fileiras de nossa centenária e honrada Corporação. São três décadas de convivência harmoniosa e profícua entre homens e mulheres com valores convergindo em um só objetivo, que é fazer uma Polícia Militar atuante em defesa da sociedade.
As mulheres que desde 1986 ingressaram na Polícia Militar são a prova viva de que o Brasil vive um tempo de pacificação e de exercício pleno da cidadania, como pretendemos e de construção dos valores mais importantes para nossa população. As jovens que aspiram à carreira militar trazem a salutar reoxigenação que todas as áreas de atuação humana necessitam.
A grande maioria da população não sabe das dificuldades que as pioneiras precisaram superar para se manter na atividade policial militar. Tudo o que foi superado compõe a grandeza do aprendizado que elas hoje transmitem às novas aspirantes a policiais militares. Seja nos quadros de saúde ou de combatentes as novas integrantes da nossa Corporação podem abstrair da experiência que as primeiras mulheres que vestiram nossa orgulhosa farda e muitas delas ainda estão no serviço ativo.
A sensibilidade que as mulheres imprimem em seus atos é o diferencial que colocou um ingrediente agradável e alegre ao trabalho diário de um policial militar. Conviver com mulheres sempre atentas às melhores características que a feminilidade faz com elas sejam distinguidas trouxe alegrias, gentilezas e sorrisos para os ambientes de quartéis e batalhões.
Uma dessas características mais marcantes que podemos citar sem medo de errar é o quanto as mulheres são mais detalhistas e atenciosas em suas ações. Elas conseguem ver detalhes que muitas vezes passam despercebidos da esmagadora maioria dos homens e isto permite que a atividade policial seja desempenhada com distinta eficiência e as missões sejam cumpridas com maior grau de sucesso. Mas, o melhor é que convivendo com as mulheres em inúmeros cargos na carreira militar, desde praças até oficiais superiores, nós, homens, aprendemos com elas a imprimir valores como esses. Nós nos tornamos mais detalhistas, atenciosos e gentis convivendo com essas práticas.
Hoje a realidade é outra quando assistimos mulheres em cargos de comando e de direção, desempenhando funções que até bem pouco tempo eram territórios restritos aos homens e sem perspectiva de mudança em tão pouco tempo. Podemos afirmar com certeza que os comandantes de três décadas antes tiveram uma visão profética e de fundamental importância ao promover o ingresso de mulheres na Polícia Militar. Sua preocupação em promover uma mudança de hábitos e conceitos comprovou ser uma acertada política de governo e de comando, que só trouxe benefícios para toda a sociedade. As mulheres ingressam em cursos de oficiais e de praças pelo merecimento, demonstrando poder disputar espaço e ocupar os postos pela sua capacidade de abstrair e definir estratégias, não pela proteção ou por apadrinhamento.
O maior legado que a atuação das mulheres na Polícia Militar transmite às futuras gerações é a comprovação inequívoca de que homens e mulheres se completam. E o maior orgulho que uma policial militar feminina poderá legar a nossa Corporação é o amor de trabalhar para nossa sociedade. De tal maneira que quando a filha de uma policial lhe pedir opinião sobre qual profissão adotar ela possa dizer com orgulho: seja policial militar.
Ubiratan Reges de Jesus Júnior é tenente-coronel da Polícia Militar de Goiás, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar e diretor da Faculdade da Polícia Militar

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