quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O tradicional e velho jeitinho brasileiro de lidar com a política!

Autor: Alexandre Flecha Campos - Cidadão e eleitor brasileiro.                                                        Contatos: blog: flechaartigos.blogspot.com.br e email: flechablog@gmail.com
            São inegáveis os avanços e conquistas provenientes da Carta Magna de 1988, conhecida por “Constituição Cidadã”, no que se refere à garantida dos princípios basilares de um regime democrático, em especial o sagrado direito do cidadão brasileiro de participar do processo político por via da livre escolha nas urnas, muito embora os bastidores do processo eleitoral e o efetivo resultado final em prol da nação se apresenta de maneira difusa e controversa em se tratando da conquista deste que é sem dúvida um dos mais importantes pilares da cidadania, ao mesmo tempo em que se questiona o nível de maturidade política alcançada pela sociedade brasileira.
Passado as festividades de carnaval, “reality shows” televisivos, a “mega produção” da copa do mundo e findando - se os campeonatos regionais e nacionais de futebol, dentre muitos outros eventos que verdadeiramente mobilizam e mexem com o emotivo do brasileiro, chegamos ao segundo semestre do ano de 2014 e com ele o grande momento cívico e democrático das eleições no Brasil que inevitavelmente vem acompanhada de investimentos milionários em marketing eleitoral, permeados de discursos inflamados com promessas revolucionárias de mudanças focadas na melhoria da complexa realidade em que vivemos.
           Nesta conjuntura, a política brasileira leva a dois perfis de cidadãos: o grupo de politiqueiros de “carteirinha” que busca algum “benefício” direto e\ou indireto para si e aos seus correligionários, e outra significativa parcela de eleitores que esperam por dias melhores, no entanto assumem um papel de eleitores apáticos à margem deste processo que, ainda assim, de forma compulsória são obrigados a votar no dia da eleição.
            A expressão utilizada para a eleição majoritária existe com o objetivo de se diferenciar da eleição minoritária que ocorre intercaladamente num período de dois anos entre ambas, destinando - se a primeira na escolha no âmbito executivo à presidente da república, governadores dos Estados e Distrito Federal, e no legislativo, senadores, deputados federais e estaduais, enquanto no pleito minoritário para o executivo, o de prefeitos e na esfera legislativa para vereadores.
Como se não bastasse os altos custos de manutenção da máquina política como um todo (verbas parlamentares, de gabinetes e assessores, etc.) são investidos cifras milionárias bianualmente, mobilizando, e, praticamente estagnando o país em pleitos eleitorais. Tal periodicidade se dá na opinião deste autor, para se garantir uma segunda chance ao candidato ao cargo eletivo de obter sucesso a cada empreitada na eleição, seja majoritária ou minoritária num verdadeiro ciclo vicioso, enquanto toda a sociedade vem arcando com o elevado preço que a política nos impõe sob o pano de fundo do exercício da democracia.
            As campanhas eleitorais no Brasil mais parecem um grande e complexo jogo de apostas, cujos investimentos financeiros nem sempre são bem esclarecidos, além do trânsito de influências de toda monta mais à retaguarda dos bastidores, e, fora do conhecimento do grande público. Trata se de conglomerados financeiros injetando recursos oriundos das mais diversas origens (lícitas ou não) com interesses escusos quanto ao retorno do que fora aplicado.
É tanto interesse em “jogo” que não se avança em uma reforma política verdadeiramente ética e democrática. Nem tampouco chega - se a uma acordo político na interminável discussão acerca da legalidade quanto a utilização de verbas de campanhas, de origem privada e/ou pública...(?), ou ainda na questão da legitimidade das reeleições, entre muitos outros temas polêmicos que deixam de ser discutidos com a sociedade.
Após conhecidos os vencedores do embate, parte - se imediatamente para a distribuição dos cargos eletivos e com eles toda uma gama de poder, cargos comissionados ou de confiança minuciosamente barganhados nos bastidores a partir da prática típica e tradicional brasileira de se fazer política, num verdadeiro jogo do “ganha-ganha”, entre aqueles que se sagrarão vitoriosos do embate eleitoral.
            Uma vez eleitos, os felizardos grupos de vitoriosos políticos ficam num estado de conforto tão grande que objetivamente somente voltam a prestar contas de suas promessas aos seus eleitores no momento de campanha do próximo pleito eleitoral, enquanto isso, em caso de acometimento de deslizes de ordem legal, vão se beneficiando de imunidades parlamentares e toda uma blindagem partidária a depender da influência das barganhas dos grandes blocos de oposição e situação, sendo capazes de abafar gigantescos escândalos de corrupção e desvios milionários que no final, o prejuízo será creditado na conta do mesmo “povo” que os elegeram.
            Há! Assim como no futebol existe também a possibilidade de um “segundo tempo” no processo eleitoral, qual seja o 2º turno da eleição em caso do candidato vitorioso não ultrapassar a 50% da somatória de pontos válidos entre os demais candidatos concorrentes. É nesta etapa que verificamos como os “técnicos” (coordenadores de campanhas) são peritos em uma fração de tempo ínfimo em reorganizar a estratégia do “jogo” e convocar novos aliados que não raras vezes, há pouco, no 1º turno protagonizaram ferozes batalhas que incluíam denúncias graves aos atrozes “inimigos políticos”, mas que desta feita se associam em busca da vitória de uma nova composição de bloco de políticos num eventual segundo turno.
            Uma vez o político eleito ter assumido um mandato no plenário de casa de lei ou mesmo no âmbito do executivo, seja proveniente de eleições majoritárias ou minoritárias, inicia - se um longo período de gozo das benesses que os respectivos cargos lhes oferecem, como por exemplo, o instrumento de imunidade parlamentar, verbas de gabinetes, cota de cargos comissionados, gratificações para despesas em vestiário, transporte, moradia, alimentação, entre muitas outras afastando - se definitivamente de seu eleitor e dos compromissos firmados, até que se aproximem as próximas eleições...

            Resta ao cidadão eleitor a responsabilidade de atender o dever cívico e democrático sob o discurso demagógico de se fazer uma boa escolha entre os candidatos que se apresentam no momento de exercer o voto, mesmo sendo evidente de que o próprio sistema e os arranjos políticos encubem previamente de fazer a escolha dos nomes a serem escolhidos, deixando o eleitor num grau de passividade com relação às opções de escolha que não raras vezes configura nomes que reincidem em práticas pouco éticas e morais quando não delituosas. Cidadão brasileiro está chegando a hora de fazer valer seu voto e com ele os destinos do país! A escolha está em nossas mãos..!!!

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