quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O tradicional e velho jeitinho brasileiro de lidar com a política!

Autor: Alexandre Flecha Campos - Cidadão e eleitor brasileiro.                                                        Contatos: blog: flechaartigos.blogspot.com.br e email: flechablog@gmail.com
            São inegáveis os avanços e conquistas provenientes da Carta Magna de 1988, conhecida por “Constituição Cidadã”, no que se refere à garantida dos princípios basilares de um regime democrático, em especial o sagrado direito do cidadão brasileiro de participar do processo político por via da livre escolha nas urnas, muito embora os bastidores do processo eleitoral e o efetivo resultado final em prol da nação se apresenta de maneira difusa e controversa em se tratando da conquista deste que é sem dúvida um dos mais importantes pilares da cidadania, ao mesmo tempo em que se questiona o nível de maturidade política alcançada pela sociedade brasileira.
Passado as festividades de carnaval, “reality shows” televisivos, a “mega produção” da copa do mundo e findando - se os campeonatos regionais e nacionais de futebol, dentre muitos outros eventos que verdadeiramente mobilizam e mexem com o emotivo do brasileiro, chegamos ao segundo semestre do ano de 2014 e com ele o grande momento cívico e democrático das eleições no Brasil que inevitavelmente vem acompanhada de investimentos milionários em marketing eleitoral, permeados de discursos inflamados com promessas revolucionárias de mudanças focadas na melhoria da complexa realidade em que vivemos.
           Nesta conjuntura, a política brasileira leva a dois perfis de cidadãos: o grupo de politiqueiros de “carteirinha” que busca algum “benefício” direto e\ou indireto para si e aos seus correligionários, e outra significativa parcela de eleitores que esperam por dias melhores, no entanto assumem um papel de eleitores apáticos à margem deste processo que, ainda assim, de forma compulsória são obrigados a votar no dia da eleição.
            A expressão utilizada para a eleição majoritária existe com o objetivo de se diferenciar da eleição minoritária que ocorre intercaladamente num período de dois anos entre ambas, destinando - se a primeira na escolha no âmbito executivo à presidente da república, governadores dos Estados e Distrito Federal, e no legislativo, senadores, deputados federais e estaduais, enquanto no pleito minoritário para o executivo, o de prefeitos e na esfera legislativa para vereadores.
Como se não bastasse os altos custos de manutenção da máquina política como um todo (verbas parlamentares, de gabinetes e assessores, etc.) são investidos cifras milionárias bianualmente, mobilizando, e, praticamente estagnando o país em pleitos eleitorais. Tal periodicidade se dá na opinião deste autor, para se garantir uma segunda chance ao candidato ao cargo eletivo de obter sucesso a cada empreitada na eleição, seja majoritária ou minoritária num verdadeiro ciclo vicioso, enquanto toda a sociedade vem arcando com o elevado preço que a política nos impõe sob o pano de fundo do exercício da democracia.
            As campanhas eleitorais no Brasil mais parecem um grande e complexo jogo de apostas, cujos investimentos financeiros nem sempre são bem esclarecidos, além do trânsito de influências de toda monta mais à retaguarda dos bastidores, e, fora do conhecimento do grande público. Trata se de conglomerados financeiros injetando recursos oriundos das mais diversas origens (lícitas ou não) com interesses escusos quanto ao retorno do que fora aplicado.
É tanto interesse em “jogo” que não se avança em uma reforma política verdadeiramente ética e democrática. Nem tampouco chega - se a uma acordo político na interminável discussão acerca da legalidade quanto a utilização de verbas de campanhas, de origem privada e/ou pública...(?), ou ainda na questão da legitimidade das reeleições, entre muitos outros temas polêmicos que deixam de ser discutidos com a sociedade.
Após conhecidos os vencedores do embate, parte - se imediatamente para a distribuição dos cargos eletivos e com eles toda uma gama de poder, cargos comissionados ou de confiança minuciosamente barganhados nos bastidores a partir da prática típica e tradicional brasileira de se fazer política, num verdadeiro jogo do “ganha-ganha”, entre aqueles que se sagrarão vitoriosos do embate eleitoral.
            Uma vez eleitos, os felizardos grupos de vitoriosos políticos ficam num estado de conforto tão grande que objetivamente somente voltam a prestar contas de suas promessas aos seus eleitores no momento de campanha do próximo pleito eleitoral, enquanto isso, em caso de acometimento de deslizes de ordem legal, vão se beneficiando de imunidades parlamentares e toda uma blindagem partidária a depender da influência das barganhas dos grandes blocos de oposição e situação, sendo capazes de abafar gigantescos escândalos de corrupção e desvios milionários que no final, o prejuízo será creditado na conta do mesmo “povo” que os elegeram.
            Há! Assim como no futebol existe também a possibilidade de um “segundo tempo” no processo eleitoral, qual seja o 2º turno da eleição em caso do candidato vitorioso não ultrapassar a 50% da somatória de pontos válidos entre os demais candidatos concorrentes. É nesta etapa que verificamos como os “técnicos” (coordenadores de campanhas) são peritos em uma fração de tempo ínfimo em reorganizar a estratégia do “jogo” e convocar novos aliados que não raras vezes, há pouco, no 1º turno protagonizaram ferozes batalhas que incluíam denúncias graves aos atrozes “inimigos políticos”, mas que desta feita se associam em busca da vitória de uma nova composição de bloco de políticos num eventual segundo turno.
            Uma vez o político eleito ter assumido um mandato no plenário de casa de lei ou mesmo no âmbito do executivo, seja proveniente de eleições majoritárias ou minoritárias, inicia - se um longo período de gozo das benesses que os respectivos cargos lhes oferecem, como por exemplo, o instrumento de imunidade parlamentar, verbas de gabinetes, cota de cargos comissionados, gratificações para despesas em vestiário, transporte, moradia, alimentação, entre muitas outras afastando - se definitivamente de seu eleitor e dos compromissos firmados, até que se aproximem as próximas eleições...

            Resta ao cidadão eleitor a responsabilidade de atender o dever cívico e democrático sob o discurso demagógico de se fazer uma boa escolha entre os candidatos que se apresentam no momento de exercer o voto, mesmo sendo evidente de que o próprio sistema e os arranjos políticos encubem previamente de fazer a escolha dos nomes a serem escolhidos, deixando o eleitor num grau de passividade com relação às opções de escolha que não raras vezes configura nomes que reincidem em práticas pouco éticas e morais quando não delituosas. Cidadão brasileiro está chegando a hora de fazer valer seu voto e com ele os destinos do país! A escolha está em nossas mãos..!!!

Sensação de (IN) segurança que atinge a todos nós...

Autor: Alexandre Flecha Campos - Gestor e Especialista em segurança pública.                                  Contatos: blog: flechaartigos.blogspot.com.br  email:flechablog@gmail.com
Com a criminalidade em plena expansão descontrolada no Brasil a sociedade em geral vem se tornando vitima deste fenômeno num quadro cada vez mais complexo. A banalização da violência atingiu um patamar significativo e desafiador para todos aqueles que direta e/ou indiretamente lidam com este cenário deixando as autoridades públicas em “cheque”, e sobrevivendo de ações imediatistas e reativas ao invés de adotarem projetos permanentes, efetivos e proativos em curto, médio e em longo prazo capazes efetivamente de atuarem na raiz do problema.
Não é necessário apresentarmos dados estatísticos sobre a situação crônica em que se encontra a segurança pública no cenário nacional, basta assistirmos o que a mídia televisiva, escrita e as redes sociais “on line” relatam sobre a violência que nos cerca diuturnamente enquanto acompanhamos alarmados e pacificamente todas as demandas de variados tipos de agressões violentas cada vez mais próximas e ao alcance de todos.
É muito triste, lamentável e danoso para o país constatarmos que entre as vítimas da violência estão presentes uma significativa parcela de cidadãos em plena idade produtiva que tem suas atividades abruptamente interrompidas seja pelo fatalístico destino dado pela agressividade de um trânsito caótico, ou vitimado por qualquer das diversas modalidades de crimes contra a pessoa e/ou o patrimônio, baixas estas registradas em maior monta no Brasil do que na maioria dos conflitos bélicos internacionais.
A indústria do crime urbano tem assumido a característica cultural de um meio econômico de vida em sua multiplicidade de ações agravando-se pelo requinte de vulgarização de ações violentas, como, por exemplo, presentes nos conflitos interpessoais que resultam em lesões corporais graves; nos homicídios; nas ações de grupos de extermínio a serviço do crime organizado; em assaltos a pessoas resultando em latrocínio; nos crimes contra a ordem econômica; nos roubos a residências e a estabelecimentos comerciais; em sequestros, que em boa parte vem sendo retroalimentados e articulados pelo tráfico de drogas e armas agregando uma dose extra à violência.
Ademais, apesar do quadro crítico em que vivemos é possível minimizar a nefasta consequência da criminalidade deixando o cidadão de se expor na condição passiva de tornar-se um sujeito vitimado por um crime, para uma atitude proativa a partir de seus hábitos e comportamentos que podem influenciar fundamentalmente quanto à ocorrência ou não de uma ação criminosa por parte do infrator da lei.
 Existe, portanto, uma enormidade de recomendações ao cidadão no sentido de agir preventivamente com relação a sua rotina de vida, evitando situações e grupos de risco das mais variadas ordem, como por exemplo, evitar a ostentação de bens e valores, não frequentar locais de risco, colaborar e se aproximar da polícia e da comunidade a que pertence no sentido de criar uma rede de segurança aos moldes da polícia comunitária, entre muitas outras ações.
Por outro lado, apontam-se as instituições de segurança pública, em especial a polícia, como sendo a única e principal responsável pelo aumento da criminalidade, com o pensamento simplório de que a violência deva ser combatida exclusivamente por via da força, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, quando este uso da força é considerado abusivo volta-se a imputação de culpa aos integrantes dos órgãos policiais em questão. Até que ponto não haveriam outros fatores que contribuem para a realidade de autofagia da raça humana estampada pela mídia, agindo no seio da sociedade?
Se buscarmos ao enunciado do art. 144 da Constituição Federal, a segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos o que leva ao entendimento de que o cidadão também possui sua parcela de responsabilidade, em parceria com as autoridades governantes no que tange a preservação da integridade física e patrimonial no âmbito da comunidade.
A polícia, a exemplo de qualquer outra instituição, recruta seus integrantes oriundos da sociedade a que pertence sendo esperado que este profissional seja possuidor de uma personalidade bem definida, contando com uma preparação especialíssima que contemple a administração de problemas e gerenciamento de crises para uma tomada de decisão satisfatória sob a ótica da legalidade, ética e profissionalismo para a lida diária em seu complexo ofício de prestar serviço de segurança pública.
No entanto, o policial, tradicionalmente é focado no combate aos efeitos externos da criminalidade de modo que não ocorre o enfrentamento das causas que levam a infração da lei, cuja origem remonta em múltiplos fatores tais como a ineficiência da aplicação das leis punitivas acompanhada da reincidência delituosa; a falência do sistema penitenciário; os grandes bolsões de miséria gerando grupos vulneráveis; falha no processo educativo e cultural responsável diretamente pela prevenção desde a fase da infância a da adolescência; prática de crimes de corrupção; violência doméstica na infância comumente reproduzida na fase adulta; deficiência de fiscalização ao tráfico e controle de armas e drogas sob a justificativa da grande extensão territorial do país, aliada a audácia e ao requinte de crueldade de algumas ações por parte de alguns criminosos motivada principalmente pela certeza da impunidade.
Outro dado importante que por vezes passa despercebido pela grande maioria da opinião pública está nas elevadas “baixas” dos integrantes do segmento policial, seja por lesões graves permanentes, óbitos ou envolvimento em procedimentos judiciais desnecessários, o que leva a um grupo de risco contra sua própria segurança diante desta insana escalada de violência urbana.
Assim, as instituições policiais brasileiras têm experimentado, com mais veemência nos últimos tempos, inúmeros casos reais de confrontos (armados ou não, envolvendo policiais em serviço ou de folga), em resposta a agressões de toda ordem provocadas por criminosos, o que tem gerado baixas significativas nos quadros policiais e ainda, registro de “balas” perdidas vitimando também pessoas inocentes da sociedade. Em especial, prejuízos irremediáveis ao Estado, às instituições policiais, à sociedade e em última instância a classe de policiais brasileiros e suas famílias.
Seja no caso de um cidadão comum, ou de um profissional de segurança, a exemplo do policial em seu momento de folga, a sensação de estar seguro está na objetividade do risco real que estatisticamente possa ser mensurado a partir do número de vítimas registradas e divulgadas oficialmente, ou ainda, em outro viés, na percepção de segurança num âmbito mais subjetivo que está intimamente ligado ao fato do “temor” individual ou coletivo de se tornar vítima em potencial.

De qualquer forma o que mais contribui para a sensação de (in) segurança está na propagação da informação em tempo real por meio digital e mais efetivamente pela mídia somando-se à percepção social e, portanto, coletiva depositada sobre o sistema de segurança pública, no que diz respeito à capacidade de se dar resposta através de uma prestação de serviço que garanta efetivamente o cumprimento do papel constitucional da preservação da ordem pública, minimizando e estancando definitivamente os graves efeitos negativos da epidemia de criminalidade que assombra o país. Sobreviver é preciso!!!  

domingo, 9 de março de 2014

Reality show televisivo no Brasil: Serviço ou desserviço para a cultura brasileira?

Autor: Alexandre Flecha Campos é mestre em educação e especialista em docência universitária.
Após um longo período de regime de exceção, e com o advento da CF de 1988, a sociedade brasileira vem experimentando, mesmo que de forma lenta e gradativa, uma série de mudanças e conquistas no âmbito da convalidação de sua democracia, e, com esta, a possibilidade de rompimento de paradigmas e preconceitos, seja de maneira espontânea e informal, seja traduzida em mecanismos formais e regulamentadores como no caso de Leis, Diretrizes, Tratados, Portarias, etc, a reboque dos crônicos problemas de ordem cultural peculiares da sociedade brasileira...
No campo da educação, esta se apresenta eivada de deficiências de toda ordem, as quais são evidenciadas através de pesquisas estatísticas. Com o passar de décadas, a matéria tem apresentado tímidas melhorias, mas os resultados no ranking de avaliações internacionais são inexpressíveis se comparados dos da comunidade dos demais países do mundo.
Nesse sentido, o Brasil carrega uma triste dívida histórica e clama por um progresso no campo educacional tal, que seja capaz de promover o rompimento do gargalho, bem como possibilite gerar um avanço consistente na área, que reflita na qualidade de vida do povo brasileiro.
Vale ressaltar o grau de importância e contribuição que de fato se extrai na influência midiática, por via dos meios de comunicação, e como a televisão traz impactos positivos ou negativos quando se trata da inclusão da educação na sociedade brasileira que histórica e prioritariamente tem servido à seleta elite de uma classe dominante, formando um ciclo vicioso que acaba por favorecer a manutenção das enormes diferenças entre os níveis sociais.
Ações de fomento à educação e cultura de iniciativa da televisão brasileira como os telecursos, programas culturais e informativos, entre outros, possuem espaço muito restrito e ínfimo se comparado ao tempo destinado aos poderosos interesses comerciais expressos por campanhas de merchandising por parte de patrocinadores privados, além das propagandas de cunho político eleitoreiro por parte do governo e da classe política, de modo que a mídia brasileira tem deixado muito a desejar quanto à parcela de responsabilidade de contribuição social.
No que tange ao reality show no sistema televisivo no Brasil, programa originalmente surgido em país Europeu (produtora holandesa – Endemol, BBB), e posteriormente reproduzido pela rede Globo no formato do BBB (BIG Brother Brasil), pela emissora TV Record sob o título de A Fazenda, ou ainda pela TV SBT com a denominação de Casa dos Artistas, apresentam-se sob o “rótulo” de um jogo que dá a oportunidade "democrática" de participação de uma amostragem da sociedade brasileira, minuciosa e estrategicamente selecionada pelos bastidores das emissoras. Nesse aspecto, chama-nos a atenção algumas das repercussões desenhadas pela trama na formação intelectual e moral dos indivíduos participantes, algo que nos incita, portanto, a algumas reflexões no que diz respeito a traçar um paralelo entre a influência deste tipo de entretenimento e a ênfase cultural característica da sociedade brasileira.
Podemos citar, igualmente, alguns fenômenos intrínsecos ao cotidiano dos brasileiros, que dão um campo fértil e se aliam para o sucesso destas modalidades televisivas de reality show no Brasil: o consumismo desenfreado, o imediatismo, a busca da fama meteórica, a alienação, a possibilidade de se obter lucros milionários, o culto e vulgarização do sexo e a exposição de corpos sarados, o baixo nível cultural e educacional de grande parte dos telespectadores. Todos esses fatores parecem abrir um convite para a prática do prazer pelo puro prazer, admitindo que os fins justifiquem os meios. Simples assim.....!
Não há constatação de qualquer forma de benefício direto ou indireto para a educação e cultura brasileira proporcionado pelo reality show televisivo adotado no Brasil, não obstante o Código Brasileiro de Telecomunicação (CBT) dispõe que a televisão se propõe a atender a função educativa, cultural e informacional, e ainda estimular à prática esportiva, a música, a criatividade, sem deixar de lado a atuação no campo da reflexão sobre o valor, a ética, a moral e os bons costumes.
Ademais, prevê o CBT o limite máximo de 25% da grade de programação para veiculação de publicidade, o que é burlado pela estratégia de marketing do reality: Os “heróis” são usados para produzirem propaganda das empresas patrocinadoras por tempo integral via mensagens, sendo que estas muitas das vezes são repassadas de forma subliminar. Assim, lucros expressivos têm sido gerados em benefício das emissoras de televisão e seus aliados patrocinadores.
De acordo com a divulgação do site da UOL, somente o BBB atingiu a cifra aproximada de 500 milhões de reais a cada edição. Um bom lucro para tanta futilidade em tão pouco tempo, e em horário nobre da televisão, não acham...!?

Tomando partido da sociedade brasileira, veremos que o jogo televisivo de reality show resultante de um longo confinamento humano se consolida, em última instância, num entretenimento cujo legado é de alienação, futilidade, imaturidade, e, sobretudo, de omissão no cumprimento do papel social da TV aberta brasileira, agindo em desserviço da nação frente às enormes desigualdades sociais, representando uma verdadeira afronta à inteligência daqueles que almejam dias melhores para a educação e cultura deste país. Se liga Brasil........

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Manifestações populares "On Line" em redes sociais no Brasil...!?

Autor: Alexandre Flecha Campos.  É Tenente Coronel da PMGO - Especialista e Gestor em Segurança Pública
            Os recentes episódios de manifestações populares que vêem ocorrendo com certa freqüência no Brasil ocorrem, em boa parte, precedidas por mobilizações espontâneas através de ferramentas das redes sociais virtuais, com grande potencial de adesão de massa anônima, em curto período de tempo, independentemente de conotações e/ou bandeiras políticas. Lembremos que sob o ponto de vista legal, a Constituição Federal em vigor ampara o direito universal de ir e vir, bem como manifestações pacíficas no âmbito da busca legítima das garantias individuais e de participação social no regime democrático em que vivemos.  
            Exemplos deste fenômeno foram presenciados a partir do segundo semestre do ano de 2013 com diversas manifestações populares simultâneas nas ruas de todo país, registrando-se recordes de presença de público, em atos pacíficos – deixando legados positivos, muito embora tenha havido desvios de seus propósitos naqueles que se tornaram violentos. Estes liderados pelos grupos mascarados e trajados de preto intitulados de "Black blocs", que, infelizmente, mais se traduziram em atos de agressão, vandalismo e destruição do patrimônio público e privado, puro e simplesmente.
            O resultado desta iniciativa popular ainda não foi completamente absorvido pela sociedade brasileira. Além de terem trazido indagações pouco esclarecidas pelos estudiosos de segurança pública e as autoridades competentes, deixando um rastro de poucos avanços construtivos, ante as muitas destruições e desgastes de elevado custo a serem pagos por todos nós.
            Este tipo de mobilização de rua tem trazido conseqüências em várias esferas, seja para o cidadão brasileiro, seja para a classe política, ou para a iniciativa privada e especialmente aos profissionais das instituições de segurança pública, no que se refere ao doloroso processo de aprendizagem a que foram submetidos. Nesse caso, extraem-se lições vividas em cada "embate" durante as ações tomadas no estrito cumprimento do dever legal da preservação da ordem pública, nas situações em que foram chamados a intervir.
            Houve flagrantes de cenas de selvageria provocados por minorias de agressores infiltrados nas multidões que levaram ao descontrole das manifestações, produzindo cenas lamentáveis de violência, incinerações, depredação de patrimônio público e privado, bloqueios de vias, e de agressões gratuitas aos profissionais de segurança pública. Os policiais foram levados a revidar com maior ou menor energia. A conjuntura dos episódios conduziu a debates quanto à eficiência das instituições de segurança pública na lida com este cenário, e ainda sobre a fragilidade da aplicação das leis no país, formando-se um ciclo vicioso retro alimentador de atos criminosos dessa natureza.
            Ainda, mais recentemente, a mídia tem registrado flagrantes de manifestações relâmpagos articuladas também por redes sociais, batizados por "rolezinhos" que consistem em convites pontuais às invasões planejadas também por redes sociais "on line". Notadamente, trata-se de jovens de periferias, cuja maioria é composta por negros e de baixa renda. Tais encontros voltaram-se para estabelecimentos comerciais de grande concentração popular, como no caso de Shopping Centers, ambientes estes considerados até pouco tempo de elevada segurança e conforto e direcionados às classes de maior poder aquisitivo.
Assim, vêm surgindo correntes de formadores de opinião de toda ordem, cabendo registrar: de um lado aqueles que denunciam que a polêmica formada em torno do novo fenômeno existe por motivo de segregação social e de discriminação de raça, e de outro lado aqueles liderados pelos empresários dos estabelecimentos comerciais privados dos Shopping Centers os quais alegam que existe risco real e iminente de desordem e anarquia, com grande potencial de causar prejuízos o que deixaria uma acentuada sensação de insegurança.
            Seja como for, o assunto “rolezinho” é muito polêmico e seus resultados continuam ainda desconhecidos, pois o fenômeno ainda é muito recente não tomando a proporção de violência registrada nas manifestações ocorridas nas ruas durante o transcorrer do ano de 2013. Tal movimento tem um diferencial importante, qual seja: tratar-se de local de propriedade privada e voltada à obtenção de lucro dentro das regras de uma economia capitalista. 
            Transportando esta discussão para o campo de segurança pública tem- se observado que o atual quadro de violência instalado em nosso país é gerado em grande parte por múltiplos fatores, tais como a morosidade da justiça, impunidade e reincidência das ações delituosas, a falência do sistema penitenciário, a corrupção, os grandes bolsões de miséria, a reprodução da violência sofrida pelo indivíduo no seio familiar para a sociedade e a histórica injustiça social, entre muitos outros fatores.
            Ademais, agravando o quadro que se apresenta a mídia, a opinião pública, a sociedade organizada e o sistema de segurança pública vivem um dilema paradoxal no que tange aos posicionamentos voltados para os modos operantes da atuação policial, qual seja: de um lado, pugna-se por intervenções pautadas nos princípios da legalidade, ética e profissionalismo, do outro, observa-se algumas ações policiais com desfechos considerados desastrosos, em que tanto as instituições policiais, quanto os seus integrantes são imputados em boa parte por uso indevido da força, abuso de autoridade, truculência, violência arbitrária, danos físicos e morais entre outras motivações.
De qualquer maneira os bravos policiais, seja vistos na condição de seres humanos ou como profissionais de segurança pública que estão sendo submetidos na linha de frente a todo tipo de agressões, não merecem se transformar em um depositório de críticas levianas ou em uma classe a ser desmoralizada sob o subterfúgio de se atingir o Estado Democrático, em decorrência de atos irresponsáveis provocados por uma parcela de agressores que se aproveitam do anonimato dentro da multidão para incitar e promover o caos.

            A sociedade não pode ficar passiva e "míope" diante do quadro de violência apresentado, devendo se manter sóbria para tomada de decisões acertadas e isentas de influências midiáticas, agindo pro ativamente, e participando diretamente de ações preventivas em parceria com o Estado na busca de seus direitos constitucionais como cidadãos. Devemos, portanto, exigir a intervenção do Estado com medidas eficazes através de seus órgãos de segurança. Por fim, é preciso fazer valer a democracia mediante o importante ato de escolha de seus legítimos representantes, se esquivando de promessas levianas e demagógicas, e de discursos hipócritas e populistas, produzidos por parte de uma classe política e por uma elite intelectual dominante formadora de opinião que assim agindo não cumprem com o dever fundamental de dar respostas efetivas a sociedade brasileira. CIDADÃO BRASILEIRO, é hora de tirar a máscara e mostrar de que lado você está....!!!!!?????        

Coronel do Exército afirma que Brasil está a três passos de guerra civil

Coronel Gélio Fregapani. 
Imagem: Reprodução

Em artigo nomeado "Os rumos que seguimos apontam para a probabilidade de guerra intestina", o coronel do Exército Gélio Fregapani, atualmente na reserva, afirmou que o Brasil está "a três passos de uma guerra civil".

 
Além de comentar a concessão de territórios a grupos indígenas,  riqueza em minérios, mencionou ações do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra -, interesses de potências internacionais, a crise que assola inúmeros países do Mundo, conflitos rurais e étnicos, entre outros.

O artigo gerou discussões, críticas e elogios. Para alguns, a postura do militar seria excessivamente conservadora, vedada ao progresso e a valores sociais, excessivamente alarmista e avessa a movimentos sociais. Para outros, seria uma postura sensata e valorosa, tendo em vista a conjuntura nacional e internacional.

Segue o artigo na íntegra:
Os rumos que seguimos apontam para a probabilidade de guerra intestina.
Conflitos no Rio de Janeiro. Imagem: Reprodução

Falta ainda homologar no Congresso e unir as várias reservas indígenas em uma gigantesca, e declarar sua independência. Isto não poderemos tolerar. Ou se corrige a situação agora ou nos preparemos para a guerra.
Quase tão problemática quanto a questão indígena é a quilombola. Talvez desejem começar uma revolução comunista com uma guerra racial.
O MST se desloca como um exército de ocupação. As invasões do MST são toleradas, e a lei não aplicada. Os produtores rurais, desesperançados de obter justiça, terminarão por reagir. Talvez seja isto que o MST deseja: a convulsão social. Este conflito parece inevitável.
O ambientalismo, o indianismo, o movimento quilombola, o MST, o MAB e outros similares criaram tal antagonismo com a sociedade nacional, que será preciso muita habilidade e firmeza para evitar que degenere em conflitos sangrentos.


Pela primeira vez em muito tempo, está havendo alguma discussão sobre a segurança nacional. Isto é bom, mas sem identificarmos corretamente as ameaças, não há como nos preparar para enfrentá-las.
A crise econômica e a escassez de recursos naturais poderão conduzir as grandes potências a tomá-los a manu militari, mas ainda mais provável e até mais perigosa pode ser a ameaça de convulsão interna provocada por três componentes básicos:
— a divisão do povo brasileiro em etnias hostis;
— os conflitos potenciais entre produtores agrícolas e os movimentos dito sociais;
— e as irreconciliáveis divergências entre ambientalistas e desenvolvimentistas.


Em certos momentos chega a ser evidente a demolição das estruturas políticas, sociais, psicológicas e religiosas, da nossa Pátria, construídas ao largo de cinco séculos de civilização cristã. Depois, sem tanto alvoroço, prossegue uma fase de consolidação antes de nova investida.
Isto ainda pode mudar, mas infelizmente os rumos que seguimos apontam para a probabilidade de guerra intestina. Em havendo, nossa desunião nos prostrará inermes, sem forças para nos opormos eficazmente às pretensões estrangeiras.
A ameaça de conflitos étnicos, a mais perigosa pelo caráter separatista
A multiplicação das reservas indígenas, exatamente sobre as maiores jazidas minerais, usa o pretexto de conservar uma cultura neolítica (que nem existe mais), mas visa mesmo a criação de "uma grande nação" indígena. Agora mesmo assistimos, sobre as brasas ainda fumegantes da Raposa-serra do Sol, o anúncio da criação da reserva Anaro, que unirá a Raposa/São Marcos à Ianomâmi. Posteriormente a Marabitanas unirá a Ianomâmi à Balaio/Cabeça do Cachorro, englobando toda a fronteira Norte da Amazônia Ocidental e suas riquíssimas serras prenhes das mais preciosas jazidas.
O problema é mais profundo do que parece; não é apenas a ambição estrangeira. Está também em curso um projeto de porte continental sonhado pela utopia neomissionária tribalista. O trabalho de demolição dos atuais Estado-nações visa a construção, em seu lugar, da Nuestra América, ou Abya Yala, idealizado provavelmente pelos grandes grupos financistas com sede em Londres, que não se acanha de utilizar quer os sentimentos religiosos quer a sede de justiça social das massas para conservar e ampliar seus domínios. O CIMI, organismo subordinado à CNBB, não cuida da evangelização dos povos indígenas segundo o espírito de Nóbrega, Anchieta e outros construtores de nossa nação. Como adeptos da Teologia da Libertação, estão em consonância com seus colegas que atuam no continente, todos empenhados na fermentação revolucionária do projeto comuno-missionário Abya Yala.
O processo não se restringe ao nosso País, mas além das ações do CIMI, a atuação estrangeira está clara:
— Identificação das jazidas: já feito;
— atração dos silvícolas e criação das reservas sobre as jazidas: já feito;
— conseguir a demarcação e homologação: já feito na maior parte;
— colocar na nossa Constituição que tratados e convenções internacionais assinados e homologados pelo congresso teriam força constitucional, portanto acima das leis comuns: já feito;
— assinatura pelo Itamarati de convenção que virtualmente dá autonomia à comunidades indígenas: já feito.


Falta ainda homologar no congresso e unir as várias reservas em uma gigantesca e declarar a independência, e isto não poderemos tolerar. Ou se corrige a situação agora ou nos preparemos para a guerra.
O perigo não é o único, mas é bastante real. Pode, por si só, criar ocasião propícia ao desencadeamento de intervenções militares pelas potências carentes dos recursos naturais — petróleo e minérios, quando o Brasil reagir.
Quase tão problemática quanto a questão indígena é a quilombola
A UnB foi contratada pelo Governo para fazer o mapa dos quilombolas. Por milagre, em todos os lugares, apareceram "quilombolas". No Espírito Santo cidades inteiras, ameaçadas de despejo. Da mesma forma em Pernambuco. A fronteira no Pará virou um quilombo inteiro.
Qual o processo? Apareceram uns barbudos depiercings no nariz, perguntando aos afro-descendentes: "O senhor mora aqui?" "Moro." "Desde 1988?" (o quilombola que residisse no dia da promulgação da Constituição teria direito à escritura). "Sim". "Quem morava aqui?" "Meu avô." "Seu avô por acaso pescava e caçava por aqui?" "Sim" "Até onde?" "Ah, ele ia lá na cabeceira do rio, lá naquela montanha." "Tudo é seu." E escrituras centenárias perdem o valor baseado num direito que não existe. Não tenho certeza de que isto não seja proposital para criar conflitos.


Tem gente se armando, tem gente se preparando para uma guerra. Temos de abrir o olho também para esse processo, que conduz ao ódio racial. Normalmente esquerdistas, talvez desejem começar uma revolução comunista com uma guerra racial.
Certamente isto vai gerar conflitos, mas até agora o movimento quilombola não deu sinal de separatismo.
Os Conflitos Rurais — talvez os primeiros a eclodir
O MST se desloca como um exército de ocupação, mobilizando uma grande massa de miseráveis (com muitos oportunistas), dirigidos por uma liderança em parte clandestina. As invasões do MST são toleradas e a lei não aplicada. Mesmo ciente da pretensão do MST de criar uma "zona livre", uma "república do MST" na região do Pontal do Paranapanema, o Governo só contemporiza; finge não perceber que o MST não quer receber terras, quer invadi-las e tende a realizar ações cada vez mais audaciosas.
É claro que os produtores rurais, desesperançados de obter justiça, terminarão por reagir. Talvez seja isto que o MST deseja; a convulsão social, contando, talvez, com o apoio de setores governamentais como o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Segundo Pedro Stédile: "O interior do Brasil pode transformar-se em uma Colômbia. A situação sairá de controle, haverá convulsões sociais e a sociedade se desintegrará."
Este conflito parece inevitável. Provavelmente ocorrerá num próximo governo, mas se ficar evidente a derrota do PT antes das eleições, é provável que o MST desencadeie suas operações antes mesmo da nova posse.
O ambientalismo distorcido, principal pretexto para uma futura intervenção estrangeira
Já é consenso que o ambientalismo está sendo usado para impedir o progresso, mesmo matando os empregos Caso se imponham os esquemas delirantes dos ambientalistas dentro do governo, com as restrições de uso da terra para produção de alimentos, um terço do território do País ficará interditado a atividades econômicas modernas.
Há reações, dos ruralistas no interior do País, nas elites produtivas e até mesmo em setores do governo, mas as pressões estrangeiras tendem a se intensificar. Se bem que raramente o meio ambiente serviu de motivo para guerra, hoje claramente está sendo pretexto para futuras intervenções, naturalmente encobrindo o verdadeiro motivo, a disputa pelos escassos recursos naturais.
No momento em que a fome ronda o mundo, o movimento ambientalista, a serviço do estrangeiro, mas com respaldo do governo e com apoio de uma massa urbana iludida, chama de "terra devastada" àqueles quadrados verdejantes de área cultivada, que apreciamos ver na Europa e nos Estados Unidos, e impede a construção de hidrelétricas para salvar os bagres. Com a entrada da Marina Silva na disputa eleitoral, nota-se, lamentavelmente, que todos os candidatos passarão a defender o ambientalismo, sem pensar se é útil para o País.
A três passos da guerra civil
O ambientalismo, o indianismo, o movimento quilombola, o MST, o MAB e outros similares criaram tal antagonismo com a sociedade nacional, que será preciso muita habilidade e firmeza para evitar que degenere em conflitos sangrentos.
Várias fontes de conflito estão para estourar, dependendo da radicalização das más medidas, particularmente do Ministério da Justiça:


— Roraima não está totalmente pacificada;
— o Mato Grosso do Sul anuncia revolta em função da decisão da Funai em criar lá novas reservas indígenas;
— no Rio Grande, os produtores rurais pretendem reagir às provocações do MST;
— Santa Catarina ameaça usar a PM para conter a fúria ambientalista do ministro Minc, que queria destruir toda a plantação de maçã.


Uma vez iniciado um conflito, tudo indica que se expandirá como um rastilho de pólvora. Este quadro, preocupante já por si, fica agravado pela quase certeza de que, na atual conjuntura da crise mundial o nosso País sofrerá pressões para ceder suas riquezas naturais — petróleo, minérios e até terras cultiváveis — e estando dividido sabemos o que acontecerá, mais ainda quando uma das facções se coloca ao lado dos adversários como já demonstrou o MST no caso de Itaipu.
Bem, ainda temos Forças Armadas, mas segundo as últimas notícias, o Exército (que é o mais importante na defesa interna) terá seu efetivo reduzido. Será proposital?
Que Deus guarde a todos vocês.


O cel. Gelio Fregapani é escritor, atuou na área do serviço de inteligência na região Amazônica, elaborou relatórios como o do GTAM, Grupo de Trabalho da Amazônia.