segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CAPITÃO JUBÉ NO COMBATE I



Rio de Janeiro e o crime em organização

O Estado do Rio de Janeiro vive a quase uma semana dias tenebrosos, dignos de uma guerra a diferença é que não estamos em estado de sítio. O combate é interno e injusto. Como se não bastasse, mais uma vez os brasileiros são enganados. A nação tupiniquim ainda é gerida com fulcro na dissimulação e oportunismo.

Caros leitores já se questionaram porque a crise no rio se instalou somente após as eleições? Será que existia um pacto tácito entre o sistema e as comunidades cariocas sobre a implantação e sustentação das chamadas Unidades de Polícia Pacificadora?

Para não delongar vamos a uma breve contextualização. As Unidades de Polícia Pacificadora – UPP, nada mais são que a implantação do que já falamos em artigos anteriores, a conhecida Policia Comunitária, diga-se de passagem uma excelente ferramenta, porém precisa de uma série de pré-requisitos para sua implantação e sustentação de maneira eficaz. De acordo com o resultado na capital carioca algo faltou, preferimos acreditar que foi uma falha, ao invés de seguir pela vertente, a qual vislumbraríamos apenas o desejo por parte dos gestores do país de gerar discursos políticos de pacificação em zonas de alta violência para fins eleitoreiros.

Qualquer leigo conhece que para implantação das chamadas UPP’s careceria da existência ou aplicação conjunta de investimentos em regularização fundiária, revitalização urbana, educação local, programas sociais de geração de renda e empregos e construção cultural da comunidade a ser pacificada. No Rio foram direto implantando as unidades, sem planejamento ou mesmo incremento conjunto das ações descritas. Será por falta de planejamento? Será por falta de conhecimento ou incompetência? Será por pressa em dados estatísticos? Fica com vocês a análise.

Com a presença coercitiva do Estado nas comunidades, diga-se também que em apenas algumas comunidades e não em todas, é natural a migração da violência e a busca de mercado para suplantar o lucro perdido. Assistimos isso em algum lugar recentemente, foi na capital carioca. Conseqüência difícil de ser pensada pelos gestores.

Quando se tem mercado restringido e a concorrência em franca expansão somente teremos um resultado: o conflito por território (mercado) acontece isso no capitalismo todo o tempo. Foi o que gerou os ataques a sociedade carioca. Uma manifestação do crime em organização por espaço, brigaram entre si e com o Estado.

O Estado imprensado contra a parede assistindo a sua pseudo tranqüilidade escorrer pelos dedos as vésperas dos jogos da COPA de 2014, não tinha escolha senão retomar as rédeas pela força. Caso os administradores públicos não coibissem os acontecimentos ficaria estampado e ostensivo demais, em uma das principais cidades brasileiras, o empirismo da segurança pública nacional.

Em uma ação desesperada pela manutenção da ordem finalmente resolveram colocar a Polícia para ocupar o espaço perdido, porém viram que a contenção da onda criminal necessitava de medidas mais drásticas, pois as forças estaduais não tinham estrutura e meios humanos para tomar o terreno. Foi necessário empregar as forças da união, todas elas para conseguir subir os morros. E queriam implantar as UPP’s desta forma, imaginem. Será que realmente queriam resolver o problema de insegurança ou apenas gerar belos e filosóficos discursos políticos e estatísticos?

O governo vem a imprensa e diz que a operação estava sendo planejada a tempos, apenas faltava definir o momento certo. Como planejada se tiveram de convocar policiais de férias, licença e outros afastamentos para atuação? Mesmo assim, descobriram que não seria o suficiente. Foi necessário o apoio das força federais em socorro primeiro plano com a logística da Marinha e da Força Aérea e depois os homens do Exercito. Correram contra o tempo, não fecharam as zonas de fuga dos traficantes quando da tomada da comunidade do cruzeiro, permitindo a evasão para o morro do Alemão, cadê o planejamento prévio? Havia a previsão de seiscentos traficantes abrigados no alemão. Quantos foram presos? Os demais foram abduzidos? Viraram pó?

Falácia senhores, o que aconteceu foi um acordo tácito de inoperância do tráfico coibida pelo uso das ferramentas do Estado em face ao momento eleitoral, conjuntura que ficou transparente e eclodiu o inevitável a busca por mercado. Como aconteceu quando da visita do Papa João Paulo II a cidade maravilhosa, relatado inclusive em filmes.

O crime funciona como empresa, perdeu mercado aqui vai buscar em outro lugar é natural a migração. A ocupação do território pelo Estado é devida e necessária, mas ela por si só está longe de solucionar a problemática do crime em organização no Brasil.

O efeito desta ocupação no terreno carioca pode ter finais diversos: um deles é o fortalecimento das milícias, o segundo é o retorno dos traficantes ao seus mercados ou caso nossos governantes desçam do mundo dos discursos e das estatísticas realmente implantem nestes bolsões de pobreza e violência políticas de regularização fundiária, urbana, projetos educacionais, sociais e valorização e qualificação do profissionais de segurança, então poderemos acreditar no futuro Brasileiro.

Caso o Estado não se faça presente perenemente e adote as medidas descritas neste singelo texto e conhecidas por todos os servidores da segurança pública assistiremos a ultima derrocada da sociedade brasileira e a instalação do poder criminoso em nossa nação. Além de assistirmos a desmoralização de todas nossas forças públicas.

Brasileiros, manifestem-se e não recuem. Brasil acima de tudo

Francisco de Assis Ferreira Ramos Jubé – Cap QOPM

Operador de Segurança Pública

Franciscojube.blogspot.com

Um comentário:

  1. DE NOVO ESSE "COMBATENTE"? REALMENTE TEM UMA EXPERIENCIA CONSIDERÁVEL, MAS COMO OPERADOR DE MAÇANETA...QUE PIADA...

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