sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O PROBLEMA DA MEIA-POLICIA – TEN CEL MARTINEZ

O PROBLEMA DO MODELO BRASILEIRO DE MEIA-POLÍCIA RESIDE NA SUA ABSOLUTA INEFICIÊNCIA.

Os sistemas policiais e seu funcionamento no mundo moderno nada mais são do que o resultado de todo um processo histórico e, neste sentido, é observando a história da construção do sistema policial brasileiro que se irá entender o que se tem hoje em termos de repartição do trabalho policial, de repartição do ciclo de polícia.
Diversamente do restante do mundo, a formação das polícias no Brasil foi marcada pela separação entre as atividades investigativas e as atividades de policiamento, caracterizada esta pela presença do policial uniformizado nas comunidades, exercendo um certo controle social, ligado essencialmente ao crime e a ordem pública, divisão esta que se manteve até os dias atuais.  
Ao contrário dos demais países ocidentais que possuem mais de uma polícia e que tem a repartição das funções predominantemente territoriais, no Brasil há o predomínio nas polícias estaduais de um modelo de meia-polícia, duas polícias estaduais, Polícia Militar e Polícia Civil, de ciclo de polícia incompleto, entendendo este como sendo:
[…] todos os aspectos de atuação policial, desde a fase onde se desenvolvem os atos de polícia ostensiva e de caráter eminentemente preventivo em que se objetiva inibir o cometimento de delitos, passando pela repressão criminal imediata, com ações de controle e restabelecimento da ordem, chegando-se finalmente a etapa repressiva propriamente dita, em que a ação policial se concentra no trabalho investigativo e apuratório dos ilícitos penais
SILVA, W. M.; LICKS, J. L.; JELVEZ, J. A. A complexidade do ciclo de polícia e a necessidade de sua execução de forma completa pelas polícias civis e militares In: SCHNEIDER, R. H. (Org.). Abordagens atuais em Segurança Pública. Porto Alegre: EDPUCRS, 2011, p.531-532.
O PROBLEMA DO MODELO BRASILEIRO DE MEIA-POLÍCIA RESIDE NA SUA ABSOLUTA INEFICIÊNCIA.
Os poucos estudos existentes no Brasil costumam indicar um índice de apuração de delitos que se situa entre 5% e 8% por parte da Polícia Civil, variando enormemente conforme o tipo penal ou mesmo a região estudada.
Em todo o país autoridades e policiais civis reclamam da falta de efetivo para fazer frente a crescente criminalidade e para o aumento da resolutividade vergonhosa de nosso sistema policial dualista.
E eles têm razão.
Para alcançarmos padrões internacionais de resolutividade precisamos incrementar o efetivo das polícias civis em pelo menos 200%, talvez 400%. Vou explicar a razão desses números exorbitantes, mas plenamente justificados.  
A média mundial de efetivo de pessoal de uma polícia destinado a investigação gira em torno dos 12% em relação ao efetivo total, incluído o segmento uniformizado. Pude verificar pessoalmente esses números nos EUA, França e Espanha. No Brasil,  a Polícia Civil tem em média 25% do efetivo da Polícia Militar nos estados, qual seja, o dobro da média mundial.
Então por que nossos índices de resolutividade não são tão bons quanto a maioria dos países? Simples a resposta: nesses países não existe a separação entre trabalho ostensivo e investigativo e o primeiro segmento responde por cerca de 90% da resolutividade total.
Com a separação institucional entre trabalho ostensivo e investigativo – no Brasil assume características extremamente burocráticas, sendo realizado basicamente nas formalidades do inquérito policial numa sala de uma delegacia de polícia – perde este a proximidade com a população, que mais pode contribuir na apuração dos fatos, e praticamente inviabiliza o fluxo de informações diárias e permanentes colhidas pelo pessoal do policiamento ostensivo.
É raro uma guarnição de rádio-patrulha que não disponha de alguns informantes no bairro em que trabalha, produzindo uma enorme quantidade de informações sobre crimes que raramente chegam aos policiais civis, especialmente nas grandes cidades, salvo quando nas prisões em flagrante, que consubstanciam um considerável percentual da resolutividade das polícias civis.
Ao mesmo tempo o segmento ostensivo necessita de um fluxo permanente de informações sobre atividades criminais em sua área de trabalho, sobre as investigações em andamento, para que possa contribuir em informações colhidas em seu contato diário com a população e mesmo para a preservação da ordem pública, o que o sistema dualista é incapaz de promover.
O sistema dualista também tem produzido uma separação irracional dos bancos de dados policiais.
Salvo raras exceções, em regra cada Estado possui dois banco de dados criminais, um da Polícia Militar e outro da Polícia Civil.
Num modelo em que o cidadão é orientado a registrar o crime na Polícia Civil é fundamental essa duplicidade, pois o cidadão pode ligar para a Polícia Militar, que atende as emergências pelo fone 190, e, uma vez atendido, deixar de seguir a orientação, que não é legal, pelo contrário, a obrigação é do policial militar que toma conhecimento do fato (vide art. 66, I, da Lei das Contravenções Penais).
A interação forte entre trabalho ostensivo e investigativo é intrínseco, é da natureza da atividade policial, por isso no Brasil, apesar do sistema dualista, é praticamente uniforme em todos os estados da federação a utilização de policiais militares em atividades investigativas, assim como policiais civis em atividades ostensivas, aquelas por meio dos conhecidos “P2” que atuam descaracterizados, e estas por meio da utilização de uniformes e viaturas caracterizadas, em muitas situações até realizando policiamento ostensivo.
Policiais estrangeiros que visitam o Brasil tem enorme dificuldade de entender como funcionamos com essa separação, assim como os turistas estrangeiros tem dificuldade de entender o atendimento policial, que na realidade é apenas aparente, mas produtora de considerável ineficiência.
Por ainda não termos bem claro os limites do controle externo da atividade policial e por nossa tradição de judicialização dos conflitos, a discussão em torno dos limites da atuação policial, no denominado ciclo completo de polícia, tem encontrado nos tribunais a arena para discussão sobre os aspectos da possibilidade de as polícias militares atuarem diretamente em pedidos de busca e apreensão, representações por prisão preventiva, pedidos de interceptação telefônica, na lavratura de prisão em flagrante e termos circunstanciados de ocorrência. Por outro lado, desconhecemos questionamentos na Justiça sobre a atuação ostensiva das polícias civis na Justiça.
Somente um aumento expressivo do efetivo das policias civis, diante desse cenário dualista, seria capaz de produzir números razoáveis na resolutividade de crimes, mas com emprego da tecnologia da informação e maior transparência na gestão pública – vejam o caso do PMSC Mobile na Polícia Militar de Santa Catarina –  cada dia fica mais evidente para os governos, e mesmo para a sociedade, a ineficiência do atual modelo, seja por sua baixíssima resolutividade nos crimes, seja por seu alto custo, assim, o caminho para um modelo de polícia de ciclo completo nos parece ser certo, é apenas uma questão de tempo.
O problema da meia-polícia – Ten Cel Martinez - https://www.stive.com.br/9870-problema-da-meia-policia.html
Tenente-Coronel da Polícia Militar de Santa Catarina. Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (1993) e graduação em Curso de Formação de Oficiais - Polícia Militar do Estado de Santa Catarina (1987).É especialista em Direito Penal (2000), Administração de Segurança Pública (2007) e Gestão Estratégica da Segurança Pública (2012). Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Preservação da Ordem Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: polícia, policiamento, ciclo completo de polícia, estudo comparado de polícia, sociologia urbana, violência e criminalidade. É membro da Associação Internacional de Chefes de Polícia - IACP. Foi Chefe da Terceira Seção de Estado-Maior da Polícia Militar de Santa Catarina (Planejamento e Operações) e Instrutor e Coordenador de cursos para a lavratura de Termos Circunstanciados de Ocorrências (TCO) pelas Polícia Militares. Foi comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar, cuja sede é a cidade de Balneário Camboriú, SC, Brasil, nos anos de 2013 e 2014. Atualmente é mestrando do Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas na Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Foi condecorado com a medalha Brigadeiro Tobias da Polícia Militar do Estado de São Paulo e com a Comenda Grande Oficial Alferes Tiradentes da Polícia Militar do Distrito Federal. É membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

DIA DO SOLDADO

25 DE AGOSTO DE 2016
SOLDADOS RAIADOS
Na solenidade militar, de uma Unidade de Elite, de uma Força Pública Estadual, referenciamos o militar, antes do título de Duque de Caxias, quando em 1832, com 29 anos, organizou e comandou a força policial do Rio de Janeiro, constituindo o corpo de Guarda Permanente, originador da maioria das Polícias Militares de nossa Federação.
Soldado do Império, totalmente contextualizado com a República, um verdadeiro desarmador de espíritos conturbados.
Como no tempo de Caxias, a nossa Polícia Militar sabe que sempre continuará ser chamada a atuar em situações adversas, de não normalidade.
Os nossos atuais soldados sabem que tem que interagir com os diversos atores da cena, buscando a cooperação e a sinergia.
Em se tratando dessa mais tradicional tropa de elite de combate urbano do Centro-Oeste brasileiro, a ROTAM possui soldados raiados que figuram como verdadeiros diferenciais na defesa social.
São operadores de Segurança Pública, na 2ª malha protetora, que busca na formação continuada o aperfeiçoamento de suas habilitações e especializações, tem orgulho da condição militar, do culto aos valores patrióticos e amor incondicional a sociedade a que servem.
A você que patrulha que aborda que protege que enfrenta o confronto letal em ambiente hostil e que preserva a ordem pública.
A você que atende aos chamamentos sociais com prontidão de anjo de guarda, nas linhas de ternura cidadã e da dureza cívica.
Glória a você, SOLDADO RAIADO - personificação do ideal - pela tenacidade da sua dignidade, pelo heroísmo de sua abnegação, pela coragem de combate ao crime!
NOS ÚLTIMOS 236 DIAS DE 2016 FORAM, 7 EDIÇÕES DA OPERAÇÃO MARTELO & BIGORNA COM 2 TON e 245Kg DE NARCÓTICOS RETIRADOS DE CIRCULAÇÃO, 520 INFRATORES PRESOS EM FLAGRANTE, 247 VEÍCULOS RECUPERADOS, 186 ARMAS DE FOGO APREENDIDAS, 18.472 ABORDAGENS TÁTICAS ESPECIAIS EFETIVADAS... 26 OCORRÊNCIAS NO EXERCÍCIO DE DISPOSITIVO LEGAL NOS EXCLUDENTES.
NOVOS ROTAMZEIROS HONORÁRIOS _ 6º Homem de equipe.
INAUGURAÇÃO DO ALOJAMENTO DE CABOS & SOLDADOS: ALOJAMENTO CABO SERGIO TEODORO (in memorian).
ROTAM! RAIO IMORTAL!
NOVOS ROTAMZEIROS HONORÁRIOS _ 6º Homem de equipe.
INAUGURAÇÃO DO ALOJAMENTO DE CABOS & SOLDADOS: ALOJAMENTO CABO SERGIO TEODORO (in memorian).

ROTAM! RAIO IMORTAL!








ALEX NEDER, um causídico ROTAMZEIRO HONORÁRIO




segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SEGURANÇA PÚBLICA de Goiás é referencia para outros Estados

    Dando continuidade às ações integradas do Pacto Interestadual de Segurança Pública Integrada do Brasil Central.
    A PMGO foi convidada pela PMTO, para efetuar AULA INAUGURAL DO CURSO DE FORÇA TÁTICA. 
  Se fez presente, por determinação do Coronel ALVES comandante geral PMGO, o Tenente-Coronel CASTILHO e equipe de ROTAM para palestrarem sobre POLÍCIA OSTENSIVA.
   O Evento contou com a participação das tropas especiais da PMTO, Comandos de OPM e com o Alto         Comando da PMTO, além do JUIZ MILITAR ESTADUAL MM. JOSÉ RIBAMAR.
    O Coronel GLAUBER comandante geral da PMTO, foi homenageado pelo o BPMROTAM / PMGO.








sábado, 6 de agosto de 2016

HOMENAGEM DA CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA AO BATALHÃO DE ROTAM 02 DE AGOSTO 2016














158 ANOS DE POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS 28 DE JULHO DE 2016


SUPREMACIA RAIADA

...’’ TENENTE-CORONEL CASTILHO, COMANDANTE DA TROPA-DESFILE DA POLÍCIA MILITAR. APRESENTO A VOSSA EXCELÊNCIA, O PATRIMÔNIO DOS GOIANOS, PRONTO NO DISPOSITIVO...”








terça-feira, 2 de agosto de 2016

POLÍCIA MILITAR SEMPRE


Desmilitarização das Polícias Estaduais

No Rio de Janeiro, as Forças Armadas e a Força Nacional se tornaram Pilares da segurança das Olimpíadas.

A Polícia Militar de São Paulo, convocada diante do colapso do esquema de segurança privada das arenas, mobilizou e colocou no terreno em poucos dias milhares de Policiais Militares do Estado. 

Os cariocas dão depoimento sobre a sensação de segurança próximo a recrutas em traje de guerra.

No Rio Grande do Norte, tropas federais estão ocupando as ruas diante do ataque com características de atentados terroristas, de facções criminosas. 

Ao lado de fuzileiros navais fortemente armados a população começa a se sentir aliviada.

Ué!

Os teóricos e gestores de segurança pública passaram os últimos anos (mais de uma década) desmilitarizando as Polícias Militares Estaduais do Brasil: obrigaram a serem submetidas a um Secretário Civil (normalmente da área jurídica), mudaram suas Academias, alteraram os currículos de formação, restringiram a ação da justiça militar e limitaram o regime disciplinar. Mais grave, demonizaram a identidade e os valores policiais militares!

O resultado (desastroso) é que muitas Polícias "Militares" do Brasil se tornaram organizações "sem cara nem forma"... com estética militar mas sem os princípios morais que a valorizam.

Se tornaram menos disciplinadas e vocacionadas; se tornaram mais vulneráveis à politicagem, corrupção e violência sem controle, perderam a capacidade operacional e tentam reconstruir competências básicas, perdidas nessa virada.

Houve ganhos, e Santa Catarina está na ponta das ondas de inovação que alavancam as melhorias: acesso com nível superior para a tropa, carreira jurídica para Oficiais, termo circunstanciado no capô da viatura, informatização das patrulhas, fluidez de carreiras, proximidade com a população, mas isso nada tem a ver com a discussão da identidade militar.

O que salta aos olhos é que, se profissionais (muitas vezes recrutas) com formação predominantemente militar e pouca formação policial parecem atuar bem e obter bons resultados graças à estrutura militarizada de emprego (e ninguém pode dizer que o Exército ou os Fuzileiros não são militarizados!) talvez a "desmilitarização" das Polícias Militares tenha sido mais um dos relevantes erros nacionais da segurança pública da última década.

Acho que vale a reflexão!

Cel Araújo PMSC